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Terapeuta ocupacional pode atuar na reabilitação de condutores de automóveis

13/03/2019


Dirigir um automóvel pode ser sinônimo de autonomia, principalmente para condutores que têm sua mobilidade reduzida, ou seja, pessoas com deficiência física, gestantes, obesos, idosos, entre outros. Um artigo publicado na Revista de Terapia Ocupacional da USP apresenta estratégias para avaliar e reabilitar condutores de automóveis com mobilidade reduzida. De acordo com os autores, com a atuação de um terapeuta ocupacional, esses motoristas são perfeitamente capazes de dirigir, desde que algumas práticas e regras sejam seguidas.

A mobilidade aqui é sinônimo de movimentação corpórea, e para dirigir o motorista precisa ter “habilidades motoras, visuais e cognitivas dinâmicas”, conhecer as leis de trânsito e estar em dia com a Licença de Motorista Nacional (CNH). Apesar da prática ainda ser inexistente no Brasil, o estudo apresenta o terapeuta ocupacional como alguém que também reabilita quem dirige.

Para os especialistas, a adoção, no País, da reabilitação de motoristas implicaria “a necessidade de interlocução com politicas públicas voltadas ao desenvolvimento das cidades e da segurança no transito”. Durante a pesquisa os autores entrevistaram terapeutas americanas especialistas em reabilitar condutores, e ficou patente a necessidade de “formação e o lugar do terapeuta ocupacional e procedimentos técnicos no processo”.

Quem encaminha os condutores aos terapeutas ocupacionais especializados são os profissionais de saúde, principalmente os médicos e terapeutas ocupacionais generalistas. Isso acontece quando “em atendimento clínico em outros programas constatam risco para a condução de automóveis em decorrência de limitações físicas, neurológicos, cognitivas e visuais”.

Destacam os autores que o direito de ir e vir para pessoas com mobilidade reduzida está garantido pelo Código de Trânsito Brasileiro, mas que, por se tratar de uma atividade complexa e de risco, é necessária uma rigorosa avaliação do desempenho da pessoa na condução de veículo. Como requisitos básicos para se conduzir um automóvel com independência estão “acionar a alavanca do pisca, agarrar e utilizar ambas as mãos no volante, controlar o câmbio de marchas, abrir e fechar a porta do veículo”.

A avaliação clínica leva em conta o potencial de adaptação do futuro motorista, atentando para qualidades e defeitos na direção, observando suas percepções visuais e auditivas. Na prova prática observa-se a mobilidade da pessoa, tal como o lidar com chaves e portas, “espelhos e cinto de segurança, acelerador e freio, buzina, limpadores de para-brisas, etc.”.

O estudo apresenta uma nova possibilidade de prática profissional e descreve estratégias valiosas utilizadas pelas terapeutas ocupacionais norte-americanas na avaliação de condutores com mobilidade reduzida. Ressalta-se tanto a importância da literatura, como orientação para a visita técnica e elaboração do questionário, como o material de pesquisa. Finalizando, os autores observam que, para uma prática profissional semelhante no Brasil, serão precisos “marcos regulatórios éticos e políticos” que estimularão novos estudos gerados pela compreensão “necessária da relação entre assistência (reabilitação) e pesquisa” .


Fonte: Jornal da USP



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